criança com suspeita de câncer

Criança com suspeita de câncer sofre negligência no hospital de Parauapebas

Política Regional
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Publicado em 28/05/2025 às 03:45 | Atualizado 29/05/2025 às 22:02 por felipetommyreal


Maria Fernanda, de 5 anos, foi ignorada por médicos e só recebeu atendimento urgente após parada cardíaca.

A criança com suspeita de câncer, Maria Fernanda Felix dos Reis, de apenas 5 anos, deu entrada no Hospital Geral de Parauapebas no dia 25 de maio de 2025. A menina apresentava quadro grave de tosse constante e dores nas costas, mas por dois meses foi diagnosticada apenas com alergia nas unidades de emergência da cidade.

Segundo os pais, Wesllanya Carolyne Felix Pereira e Thaigo Santos Lima, os médicos afirmavam que os sintomas não eram graves e mandavam procurar um alergista. No entanto, no HGP, após um raio-X de tórax, foi identificado um quadro de pneumonia.

Diante do agravamento, a equipe médica solicitou uma angiotomografia computadorizada. O exame revelou uma formação expansiva no mediastino anterior, com forte indício de linfoma do tipo Hodgkin, sugerindo câncer no pulmão da criança.

A situação exigia transferência urgente para uma unidade oncológica pediátrica fora do município. No entanto, a solicitação de leito só foi formalmente cadastrada no sistema estadual de regulação dois dias depois, sob o número 19424373.

Enquanto isso, a criança permaneceu internada em estado crítico. Na noite do dia 27, sofreu uma parada cardiorrespiratória e precisou ser intubada na UTI do hospital. O pai relatou que a filha estava cianótica e, mesmo assim, as técnicas de enfermagem demoraram a agir, pedindo para aguardar a médica.

Somado à lentidão no socorro, um dos fatos mais revoltantes é o relato do pai: uma das médicas teria orientado que ele procurasse “um político influente” para conseguir tirar a filha do hospital. A profissional admitiu, na prática, que o acesso à saúde em Parauapebas depende mais de influência política do que da urgência médica.

Durante os atendimentos, a médica chegou a afirmar que a menina só dizia sentir dor porque a mãe a mandava falar. O desdém com os sintomas agravou a situação clínica de Maria Fernanda, que hoje luta pela vida em uma UTI.

A criança com suspeita de câncer teve a respiração comprometida e apresentou saturação abaixo de 50%. A demora na regulação e a negligência profissional colocaram sua vida em risco iminente.

A denúncia foi formalizada pelos pais e será protocolada no Ministério Público. Eles responsabilizam o Hospital Geral de Parauapebas, o prefeito Aurélio Goiano, o secretário de saúde Marcos Vinícius e o diretor do HGP, Yuri Amorim Braga.

O caso evidencia um colapso na saúde pública local e levanta questionamentos sobre a atuação dos gestores frente à população mais vulnerável.

Atualização do caso

Após a publicação da denúncia sobre a negligência no atendimento à criança Maria Fernanda, o secretário de Saúde de Parauapebas, Marcos Vinícius, entrou em contato com a equipe do Portal Felipe Tommy. Em sua mensagem, afirmou que o nosso trabalho estaria sendo usado para “fazer politicagem com a saúde” e que estaríamos “denegrindo sua imagem”. O secretário também argumentou que esteve com a família no gabinete durante toda a manhã do dia 28 e que teria ligado para o prefeito Aurélio Goiano solicitando ajuda para resolver a situação. Ele enviou um print comprovando a participação do prefeito no pedido de liberação do leito.

Print enviado ao Portal Felipe Tommy

Em resposta, reafirmamos ao secretário, com todo respeito, que nosso compromisso é com os fatos e com a população de Parauapebas. Jamais faltamos com a verdade, mas sim que a declaração de que “conseguiram o leito junto ao prefeito Aurélio e o governo do estado” não corresponde à cronologia oficial. Isso porque, conforme mostram os prints enviados ao portal, o primeiro a receber a confirmação do leito foi o deputado estadual Braz, que conversou diretamente com a secretária de Saúde do Estado, Dra. Ivete, e obteve retorno às 12h12, com a informação da liberação do leito no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HIOJOL), em Belém.

Print enviado ao portal Felipe Tommy

Já o print enviado pelo secretário com a atuação do prefeito Aurélio Goiano mostra o mesmo conteúdo da resposta da regulação, mas apenas às 12h37, ou seja, 25 minutos depois do deputado Braz. Não se sabe ao certo com quem o prefeito tratou sobre o caso, já que a resposta enviada a ele não indica interlocutor direto com a SESPA. Enquanto isso, o contato com o deputado Braz foi claramente feito pela secretária estadual de Saúde, o que reforça a legitimidade de sua atuação no caso.

Também é importante registrar que, até o momento da atualização desta matéria, a criança ainda não foi transferida, apesar da confirmação do leito. O caso mobilizou diversas autoridades, entre elas o deputado Braz, a deputada federal Renilce Nicodemos, o político Rafael Ribeiro, o prefeito Aurélio Goiano e o secretário Marcos Vinícius. No entanto, reforçamos que a imprensa teve papel essencial ao dar visibilidade à denúncia, forçando providências por parte dos gestores. O Portal Felipe Tommy permanece acompanhando a situação até a completa resolução.

Denuncia

Portal Felipe Tommy segue acompanhando o caso e está aberto para divulgar o posicionamento dos envolvidos.